- Início
- Visitar
- Locais a visitar
- Museus
- Exposições Temporárias
- Júlio Pomar. O mundo habitado. Exposição
Júlio Pomar. O mundo habitado. Exposição
área de conteúdos (não partilhada)JÚLIO POMAR. O MUNDO HABITADO. OBRAS DA COLECÇÃO ATELIER-MUSEU JÚLIO POMAR"
MUSEU DO VINHO BAIRRADA
23 JANEIRO A 30 ABRIL 2016
Esta mostra reúne uma colecção de pintura/telas originais, serigrafias, litografias, desenhos etc., representando o vasto e reconhecido percurso nacional e internacional de Júlio Pomar. Será uma das maiores exposições da sua obra realizada fora do museu com o seu nome.
"A exposição O Mundo Habitado – Obras do acervo Atelier-Museu Júlio Pomar desenvolveu-se a partir de um convite feito pela Câmara Municipal da Anadia ao Atelier-Museu, para apresentar no Museu do Vinho Bairrada a obra de Júlio Pomar.
Tendo em conta o universo deste equipamento museológico, dedicado à história e à actividade vinícolas da região, é necessário esclarecer que, no contexto da exposição, não se procurou associar o conjunto de obras escolhidas directamente à temática do Baco. Está em causa reconhecer que a obra deste pintor, nos seus diversos cambiantes, estilos e figurações, celebra a existência, os prazeres da vida, um mundo habitado: umas vezes por humanos, outras vezes por animais, outras ainda por criaturas estranhas, ou mesmo por todas em simultâneo.
Júlio Pomar constrói um território de acção e tensão entre visibilidade e ilegibilidade, problematizando e propondo novos modos cognitivos, e reposicionando o homem num contexto «natural», não por ser perfeito mas pelas contradições que lhe são inerentes e têm de facto um lugar.
Neste novo contexto, habitam e convivem valores históricos ligados às tradições literárias e populares, revelam-se e coreografam-se sombras, linguagens e espaços, sublinha-se a relevância das texturas e das matérias da criação artística, congregam-se narrativas, vivências, lendas, que nos escapam e simultaneamente nos seduzem.
São imagens pairantes que aqui, nesta exposição, habitam e demonstram a abundância da existência, num alerta tentador e provocador sobre a força da vida e, sobretudo, da arte."
Patente até 30 de abril (horário: terça a sexta-feira: 09h00-13h00 e 14h00-18h00; fins-de-semana e feriados: 10h00-19h00).
JÚLIO POMAR - BIOGRAFIA
Júlio Pomar
Nasceu em 1926 em Lisboa. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e Porto, tendo participado em 1942 numa primeira mostra de grupo, em Lisboa, e realizado a primeira exposição individual em 1947, no Porto, onde apresentou desenhos. Nesses anos a sua oposição ao regime de Salazar acarreta-lhe uma estada de quatro meses na prisão, a apreensão de um dos seus quadros pela polícia política e a ocultação dos frescos de mais de 100m2 realizados para o Cinema Batalha no Porto. Permanece em Portugal até 1963, ano em que se instala em Paris. Actualmente vive e trabalha em Paris e Lisboa.
De uma obra que se prolonga por sete décadas, o autor destaca, após o período inicial, dito Neo-Realista, as exposições Tauromachies e Les Courses (Galerie Lacloche, Paris, 1964 e 1965); a participação numa mostra dedicada ao quadro de Ingres Le Bain Turc pelo Museu do Louvre (1971); as séries de pinturas Mai 68 (CRS SS) e Le Bain Turc (Galeria 111, Lisboa); as exposições L’Espace d’Eros (Galerie de la Différence, Bruxelas, 1978) e Théâtre du Corps (Galerie de Bellechasse, Paris, 1979); Tigres (Gal. Bellechasse e Gal. 111, 1981 e 82); Um ano de desenho – quatro poetas no Metropolitano de Lisboa (estudos preparatórios para a estação Alto dos Moinhos) em 1984 no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, que já em 1978 promovera a sua primeira exposição retrospectiva; Ellipses (Gal. Bellechasse, Paris, 1984); Mascarados de Pirenópolis (Galeria 111, Arco, Madrid, 1988).
No início da década de noventa uma estadia no Alto Xingú, na Amazónia, está na origem das exposições Los Indios (Galeria 111, Arco, Madrid) e Les Indiens (Galerie Georges Lavrov, Paris), em 1990; a que se segue Pomar/Brasil, antologia organizada também pelo CAM e apresentada em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Lisboa. O Ministério francês da Cultura convidou Júlio Pomar a realizar um retrato de Claude Lévi-Strauss, que precedeu o do Presidente Mário Soares para a galeria oficial do Palácio de Belém (1991). Seguiram-se as exposições Pomar et la Littérature (Charleroi, Bélgica, 1991), Fables et Portraits (Galerie Piltzer, Paris, 1994), sendo a temática ficcional retomada em O Paraíso e Outras Histórias (Culturgest, Lisboa, 1994), L’Année du cochon ou les méfaits du tabac (Galerie Piltzer, 1996). A presença da Amazónia reaparece em Les Joies de Vivre (Galerie Piltzer, 1997) e Les Indiens – Xingú 1988-1997 (Festival International de Biarritz). A série La Chasse au Snark é mostrada em Paris (Galerie Piltzer, 1999) e em Nova-Iorque (Salander-O’Reilly Gallery, 2000).
Mostrou Pinturas Recentes, inéditas em Portugal, no Centro de Congressos de Aveiro em 2000, e em 2002 volta à Galeria 111 com a exposição Os Três Efes – Fábulas, Farsas e Fintas, a que se sucedem Trois travaux d’Hercule et quelques chansons réalistes e Méridiennes-Mères Indiennes (Gal. Patrice Trigano, Paris, 2002 e 2004); Fables e Fictions, esculturas e suas fotografias por Gérard Castello-Lopes (Galerie Le Violon Bleu, Sidi Bou-Said, Tunísia, 2004), que se prolonga em A Razão das Coisas, assemblages e bronzes, também fotografados por José M. Rodrigues, Casa de Serralves, Porto (2009, depois itinerante)
Em 2004, Marcelin Pleynet comissariou uma exposição antológica no Sintra Museu de Arte Moderna – Colecção Berardo a que deu o nome Autobiografia, e as décadas recentes da obra de Júlio Pomar foram antologiadas por Hellmut Wohl no Centro Cultural de Belém, sob o título A Comédia Humana. Em 2008, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, incluiu numerosas “assemblages” inéditas na mostra Cadeia da Relação, comissariada por João Fernandes. Em 2009 expôs Nouvelles aventures de Don Quixote et Trois (4) Tristes Tigres, em 2009 (Gal. Patrice Trigano), e em 2012-13 Atirar a albarda ao ar na Cooperativa Árvore, Porto, e Gal. 111, Lisboa.
Além da obra de pintura, desenho, escultura, cerâmica, gravura, etc. Júlio Pomar escreveu: Catch Thème et Variation, Discours sur la Cécité du Peintre, ...Et la Peinture? (Editions de la Différence, Paris, 1984, 1985 e 2000), os dois últimos traduzidos por Pedro Tamen com os títulos Da Cegueira dos Pintores (Imprensa Nacional, 1986) e Então e a Pintura (Dom Quixote, 2003); e duas colectâneas de poesias Alguns Eventos e TRATAdoDITOeFEITO (Dom Quixote, 1992 e 2003).
Júlio Pomar instituiu em 2004 uma Fundação com o seu nome. Está anunciada para Abril de 2013 a inauguração do Atelier-Museu Júlio Pomar, criado pela Câmara Municipal de Lisboa, em edifício que adquiriu na Rua do Vale nº 7, Mercês, Lisboa, o qual contou com um projecto arquitectónico de reabilitação da autoria de Álvaro Siza.